Nota
Sabia que a publicação de um artigo científico chega a custar 11.300,00 dólares e a linha de extrema pobreza que os ricos definem para os pobres é de 1,90 dólares por dia? Isso mesmo! Um artigo só desses, digamos que de 15 paginas, é 5.946 (cinco mil novecentos e quarenta e seis) vezes maior que o limiar de pobreza extrema, abaixo do qual há milhões de pessoas. Semanalmente são publicados milhares de artigos científicos em revistas que cobraram uma taxa elevadíssima aos autores dispostos a pagar para que os artigos possam ser lidos “gratuitamente” por qualquer pessoa. Quando os autores não podem pagar, cada pessoa que quiser lê-lo, ou a instituição à que ela está filhada, tem que pagar taxas que é qualquer coisa menos barata. O diferencial das revistas científicas é que os artigos são revisados por especialistas. Aqui vem o outro detalhe: os especialistas fazem isso de graça! A indústria de publicação científica é das mais lucrativas do planeta. É outro caso lamentável no qual parte dos impostos pagos pelos extremamente pobres, vão parar no bolso dos extremamente ricos. Tudo em nome da ciência!
Como é de se esperar, muitos pesquisadores não confundem essa indústria com a ciência. É o caso da maravilhosa Alexandra Elbakyan, descrita pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical como a Robin Hood da ciência. Ela criou o Sci-Hub, uma página de internet que permite baixar gratuitamente muitos artigos apropriados pela indústria de publicação. É semelhante ao Libgen, que além de artigos, permite baixar livros e outros tipos de publicação, especificando o tipo de busca (Libgen para livros, Scientific Articles para artigos ou capitulos de alguns livros não disponíveis na íntegra etc). Ambas páginas são constantemente atacadas e por isso mudam de domínio com frequência. São páginas legítimas e ilegais fazendo um serviço social frente à legalidade ilegítima da indústria de publicação? Cada quem tira suas conclusões. Há quem usa as páginas para acessar o conhecimento privatizado e quem além de usá-las lhes faz doações para fortalecer a iniciativa.
Aqui compartilhamos uma lista de referências que se caracteriza ante tudo pela sua incompletude e divisão arbitrária. Muitas das referências que estão numa seção deveriam ser repetidas em outras e, muitas mais, nem aparecem na lista apesar da sua qualidade e relevância para a SUP. Contudo, o objetivo é fornecer pontos de entrada sobre tópicos que ao serem entrelaçados, e por vezes reformulados ou deformados, levam à SUP.
Milhares de artigos são publicados anualmente sobre a Saúde Única e muitos milhares a mais são publicados sem a chancela “Saúde Única”, mas abordando assuntos abraçados pelo seu discurso: zoonoses, medicina veterinária preventiva, saúde pública veterinaria, epidemiologia animal e eco-epidemiologia. Em contrapartida, são relativamente poucas as publicações que adotam uma abordagem crítica, foco da lista seguir.
- One World One Health? Social science engagements with the one medicine agenda (Número especial com vários artigos)
- One Health for a changing world: zoonoses, ecosystems and human well-being (Número especial com vários artigos)
- Human Animal Health in Animal Anthropology (Número especial com vários artigos)
- One Health: A social science discussion of a global agenda (Número especial com vários artigos)
- Davis, A., & Sharp, J. (2020). Rethinking One Health: Emergent human, animal and environmental assemblages. Social Science & Medicine, 258, 113093.
- Friese, C., & Nuyts, N. (2017). Posthumanist critique and human health: how nonhumans (could) figure in public health research. Critical Public Health, 27(3), 303-313.
- Rock, M. J. (2017). Who or what is ‘the public’in critical public health? Reflections on posthumanism and anthropological engagements with One Health. Critical public health, 27(3), 314-324.
- Nading, A. M. (2013). Humans, animals, and health: from ecology to entanglement. Environment and Society, 4(1), 60-78.
- Acero-Aguilar, M. (2016). Zoonosis y otros problemas de salud pública relacionados con los animales: reflexiones a propósito de sus aproximaciones teóricas y metodológicas. Revista Gerencia y Políticas de Salud, 15(31), 232-245.
- Hinchliffe, S. (2021). Postcolonial Global Health, Post-Colony Microbes and Antimicrobial Resistance. Theory, Culture & Society, 0263276420981606.
Volte ao índice
A epidemiologia crítica e a saúde coletiva são movimentos de saúde latino-americanos com propostas para superar a colonialidade da saúde pública do Norte global. Ironicamente têm reproduzido o antropocentrismo colonial, mas publicações recentes parecem acenar uma mudança de postura convenientes para que a SUP deixe de ser um ponto cego desses movimentos. Fora da América Latina, a saúde pública crítica e a nova saúde pública são as abordagens que compartilham mais afinidades com a epidemiologia crítica e a saúde coletiva.
- Breilh, J. (2021). Critical Epidemiology and the People’s Health. Oxford University Press.
- Breilh, J. (2019). Critical epidemiology in Latin America: roots, philosophical and methodological ruptures. In Vallverdú, J.J., Puyol, A., & Estany, A. Philosophical and methodological debates in Public Health (pp. 21-45). Springer.
- Breilh, J. (2006). Epidemiologia crítica: ciência emancipadora e interculturalidade. Editora Fiocruz.
- Vieira-da-Silva, L. M., Paim, J. S., Barros, S. G. D., Souza, J. C., & Silva, G. A. P. D. (2018). O campo da saúde coletiva: gênese, transformações e articulações com a Reforma Sanitária brasileira. Editora Fiocrus, coedição EDUFBA.
- Paim, J. S., & Almeida Filho, N. D. (2014). Saúde coletiva: teoria e prática. MedBook.
- Paim, J. S., & Almeida Filho, N. D. (1998). Saúde coletiva: uma” nova saúde pública” ou campo aberto a novos paradigmas?. Revista de saúde pública, 32, 299-316.
- Paim, J. S., & Almeida Filho, N. M. D. (1999). La crisis de la salud pública y el movimiento de la salud colectiva en Latinoamérica.
- Granda, E. (2004). A qué llamamos salud colectiva, hoy. Revista cubana de salud pública, 30(2), 0-0.
- Muñoz Sánchez, A. I., & Bertolozzi, M. R. (2007). Pode o conceito de vulnerabilidade apoiar a construção do conhecimento em Saúde Coletiva?. Ciência & Saúde Coletiva, 12, 319-324.
- Campos, G. W. D. S. (2000). Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Ciência & Saúde Coletiva, 5(2), 219-230.
- Osmo, A., & Schraiber, L. B. (2015). The field of Collective Health: definitions and debates on its constitution. Saúde e Sociedade, 24, 205-218.
- Vieira‐da‐Silva, L. M., & Pinell, P. (2014). The genesis of collective health in Brazil. Sociology of health & illness, 36(3), 432-446.
- Laurell, A. C. (2018). Lasting lessons from social ideas and movements of the sixties on Latin American Public Health. American journal of public health, 108(6), 730-731.
- Social inequities and contemporary struggles for collective health in Latin America (Número especial)
- Krieger, N. (2021). Ecosocial Theory, Embodied Truths, and the People’s Health. Oxford University Press.
Volte ao índice
A determinação social da saúde e os determinantes sociais da saúde são marcos conceituais diferentes. Desde o primeiro tem se criticado o segundo por ser, na prática, conivente com os interesses dos grupos dominantes. No entanto, e em conosnância com um dos princípios da determinação social (o movimento dialético), acreditamos que é possível uma síntese de ambas abordagens. Na rede SUP pesquisamos essa possibilidade usando os coletivos multiespécie e os dispositivos de marginalização como chaves interpretativas.
- Samaja, J. (2004). Epistemología de la salud. Lugar Editorial.
- Breilh, J. (2013). La determinación social de la salud como herramienta de transformación hacia una nueva salud pública (salud colectiva). Revista Facultad Nacional de Salud Pública, 31, 13-27.
- Spiegel, J. M., Breilh, J., & Yassi, A. (2015). Why language matters: insights and challenges in applying a social determination of health approach in a North-South collaborative research program. Globalization and health, 11(1), 1-17.
- Almeida-Filho, N. (2004). Modelos de determinação social das doenças crônicas não-transmissíveis. Ciência & Saúde Coletiva, 9, 865-884.
- Morales, C. & Eslava J. C. (2017). Tras las huellas de la determinación. Memorias del Seminario InterUniversitario de Determinación Social de la Salud.
- Determinación Social en Salud (número especial).
- Nogueira, R. P. (2010). Determinação social da saúde e reforma sanitária. Cebes.
- Garbois, J. A., Sodré, F., & Dalbello-Araujo, M. (2017). Da noção de determinação social à de determinantes sociais da saúde. Saúde em Debate, 41, 63-76.
- Borghi, C. M. S. D. O., Oliveira, R. M. D., & Sevalho, G. (2018). Determinação ou determinantes sociais da saúde: texto e contexto na América Latina. Trabalho, Educação e Saúde, 16(3), 869-897.
- Albuquerque, G. S. C. D., & Silva, M. J. D. S. (2014). Sobre a saúde, os determinantes da saúde e a determinação social da saúde. Saúde em Debate, 38, 953-965.
- Fleury-Teixeira, P. (2009). Uma introdução conceitual à determinação social da saúde. Saúde em debate, 33(83), 380-389.
- Fleury-Teixeira, P., & Bronzo, C. (2010). Determinação social da saúde e política. Determinação social da saúde e reforma sanitária, 1, 37-58.
- Souza, D. D. O. (2020). O caráter ontológico da determinação social da saúde. Serviço Social & Sociedade, (137), 174-191.
- Breilh, J. (2013). La determinación social de la salud como herramienta de transformación hacia una nueva salud pública (salud colectiva). Revista Facultad Nacional de Salud Pública, 31, 13-27.
- Krieger, N. (2005). Embodiment: a conceptual glossary for epidemiology. Journal of Epidemiology & Community Health, 59(5), 350-355.
- Krieger, N. (2016). Embodying inequality: Epidemiologic perspectives. Routledge.
- Krieger, N. (2010). Ecosocial theory of disease distribution: embodying societal and ecologic context. In: Krieger, N. Epidemiology and people’s health: theory and context. Oxford University Press.
- Solar, O., & Irwin, A. (2010). A conceptual framework for action on the social determinants of health. WHO Document Production Services.
Volte ao índice
A conotação de “promoção” na SUP (ver From modern Planetary Health to decolonial promotion of One Health of Peripheries) é uma releitura multiespécie e decolonial do que se conhece por “promoção da saúde”.
- World Health Organization. (2009). Milestones in health promotion: Statements from global conferences (No. WHO/NMH/CHP/09.01). World Health Organization.
- McPhail-Bell, K., Fredericks, B., & Brough, M. (2013). Beyond the accolades: a postcolonial critique of the foundations of the Ottawa Charter. Global Health Promotion, 20(2), 22-29.
- Nutbeam, D. (1998). Health promotion glossary. Health promotion international, 13(4), 349-364.
- Nettleton, S., & Bunton, R. (1995). Sociological critiques of health promotion. The sociology of health promotion, 41-58.
- Robertson, A., & Minkler, M. (1994). New health promotion movement: a critical examination. Health education quarterly, 21(3), 295-312.
- Breslow, L. (1999). From disease prevention to health promotion. Jama, 281(11), 1030-1033.
- Buss, P. M. (2000). Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & saúde coletiva, 5, 163-177.
- Rabello, L. S. (2010). Promoção da saúde: a construção social de um conceito em perspectiva comparada. Editora Fiocruz.
- Czeresnia, D., & De Freitas, C. M. (2009). Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Editora Fiocruz.
Volte ao índice
A biopolítica aborda novas formas de poder ou aspectos do poder outrora desconhecidos, no âmbito de fenômenos tão diversos como os campos de concentração, os processos migratórios, o capitalismo cognitivo, a domesticação, o paradigma imunitário da política moderna, a relação dos humanos com outros animais e com a tecnologia, a soberania, o estado de exceção, e a relação poder/saber. A biopolítica mais-que-humana vem complementando biopolítica restrita a fenômenos humanos e a SUP contribui a essa complementação. A seguinte lista refere-se principalmente às vertentes mais-que-humans.
- Pugliese, J. (2020). Biopolitics of the More-than-human: Forensic Ecologies of Violence. Duke University Press.
- Wolfe, C. (2012). Before the law: Humans and other animals in a biopolitical frame. University of Chicago Press.
- Wadiwel, D. (2015). The war against animals. Brill.
- Shukin, N. (2009). Animal capital: Rendering life in biopolitical times. U of Minnesota Press.
- Asdal, K., Druglitro, T., & Hinchliffe, S. (2016). Humans, animals and biopolitics: The more-than-human condition. Routledge.
- Chrulew, M., & Wadiwel, D. J. (Eds.). (2016). Foucault and animals. Brill.
- Braverman, I. (Ed.). (2015). Animals, biopolitics, law: lively legalities. Routledge.
- Cimatti, F., & Salzani, C. (Eds.). (2020). Animality in Contemporary Italian Philosophy. Palgrave Macmillan.
- Johnson, L. (2012). Power, knowledge, animals. Springer.
- Mackenzie, R. (2009). Bestia sacer and Agamben’s anthropological machine: Biomedical/legal taxonomies as somatechnologies of human and nonhuman animals’ ethico-political relations.
- Agamben, G. (2004). The open: Man and animal. Stanford university press.
- Srinivasan, K. (2013). The biopolitics of animal being and welfare: dog control and care in the UK and India. Transactions of the Institute of British Geographers, 38(1), 106-119.
- Ruddick, S. (2015). Situating the Anthropocene: Planetary urbanization and the anthropological machine. Urban Geography, 36(8), 1113-1130.
- Goldberg-Hiller, J., & Silva, N. K. (2011). Sharks and pigs: animating Hawaiian sovereignty against the anthropological machine. South Atlantic Quarterly, 110(2), 429-446.
- Calarco, M. (2007). Jamming the anthropological machine. In Calarco, M., & DeCaroli, S. (Ed.), Giorgio Agamben: sovereingty and life. Sandford University Press.
- Lemke, T., Casper, M., & Moore, L. J. (2011). Biopolitics: An advanced introduction (Vol. 5). NYU Press.
- Bazzicalupo, L. Biopolítica. (2017). Um mapa conceitual. Unisinos.
Volte ao índice
Os estudos críticos animais estão crescendo vertiginosamente e abordam uma ampla variedade de tópicos, como pode ser visto nas coleções indicadas a seguir, fundamentais para trabalhar dispositivos de marginalização envolvendo animais não humanos.
Volte ao índice
A interseccionalidade mais-que-humana é outra chave interpretativa fundamental para dar sentido à determinação social da SUP. Os dispositivos de marginalização distribuem os indivíduos em categorias de espécie, raça, etnia, gênero e classe social entre outras, e os sinergismos e antagonismos (interseccionalidade) entre dispositivos de marginalização determinam perfis epidemiológicos de coletivos multiespécie. Não incluímos os principais textos de interseccionalidade humana.
- Chen, M. Y. (2012). Animacies: Biopolitics, racial mattering, and queer affect. Duke University Press.
- Kaijser, A., & Kronsell, A. (2014). Climate change through the lens of intersectionality. Environmental politics, 23(3), 417-433.
- Kings, A. E. (2017). Intersectionality and the changing face of ecofeminism. Ethics and the Environment, 22(1), 63-87.
- Weheliye, A. G. (2014). Habeas viscus: Racializing assemblages, biopolitics, and black feminist theories of the human. Duke University Press.
- Hovorka, A. J. (2012). Women/chickens vs. men/cattle: Insights on gender–species intersectionality. Geoforum, 43(4), 875-884.
- Hovorka, A. J. (2015). The Gender, Place and Culture Jan Monk Distinguished Annual Lecture: Feminism and animals: exploring interspecies relations through intersectionality, performativity and standpoint. Gender, Place & Culture, 22(1), 1-19.
- Elder, G., Wolch, J., & Emel, J. (1998). Race, place, and the bounds of humanity. Society & Animals, 6(2), 183-202.
- Kim, C. J. (2011). Moral extensionism or racist exploitation? The use of holocaust and slavery analogies in the animal liberation movement. New Political Science, 33(3), 311-333.
- McWeeny, J. (2014). Topographies of flesh: Women, nonhuman animals, and the embodiment of connection and difference. Hypatia, 29(2), 269-286.
- Deckha, M. (2008). Intersectionality and posthumanist visions of equality. Wis. JL Gender, & Soc’y, 23, 249.
- Deckha, M. (2013). Animal advocacy, feminism and intersectionality. Deportate, esuli, profughe, 23, 48-65.
- Taylor, S. (2017). Beasts of burden: Animal and disability liberation. The New Press.
- Boisseron, B. (2018). Afro-Dog: blackness and the animal question. Columbia University Press.
- Adams, C. J., & Gruen, L. (Eds.). (2014). Ecofeminism: Feminist intersections with other animals and the earth. Bloomsbury Publishing USA.
- Nocella, I. A. J., Bentley, J. K., & Duncan, J. M. (Eds.). (2012). Earth, animal, and disability liberation: The rise of the eco-ability movement. Peter Lang.
- Hird, M. J., & Giffney, N. (Eds.). (2016). Queering the non/human. Routledge.
- Kemmerer, L. A. (2011). Sister species: Women, animals and social justice.
- Harper, A. B. (2009). Sistah vegan: Black female vegans speak on food, identity, health, and society. Lantern Books.
- Gaard, G. (2017). Critical ecofeminism. Lexington Books.
- Adams, C. J. & Donovan, J. (1995). Animals and women: Feminist theoretical explorations. Duke University Press.
- Suzuki, Y. (2017). The Nature of Whiteness: Race, Animals, and Nation in Zimbabwe. University of Washington Press.
- Johnson, L. (2017). Race Matters, Animal Matters: Fugitive Humanism in African America, 1840-1930. Routledge.
- Nocella, I. A. J., Bentley, J. K., & Duncan, J. M. (Eds.). (2017). The Intersectionality of Critical Animal, Disability, and Environmental Studies: Toward Eco-ability, Justice, and Liberation. Lexington Books.
Volte ao índice
O recorte aqui é principalmente do movimento intelectual latino-americano, devendo-se notar que neste, colonialidade é diferente de colonialismo. Mignolo por exemplo diz que a “colonialidade nomeia a lógica subjacente da fundação e do desdobramento da civilização ocidental desde o Renascimento até hoje, da qual colonialismos históricos têm sido uma dimensão constituinte, embora minimizada”. A modernidade tem um componente mítico pouco conhecido no imaginário popular, sintetizado com extrema clareza pelo Dussel (1993). Essa colonialidade é um dos principais dispositivos de marginalização de coletivos multiespécie. Incluímos também algumas referências que sem ser parte do referido movimento, destacam-se pela abordagem mais-que-humana.
Palavras chave: giro decolonial, Grupo Modernidade/Colonialidade, colonialismo, colonialidade, neocolonial, decolonialidade, transmodernidade, culturas híbridas, epistemologias do Sul, Sul global, ecologia de saberes, interculturalidade, pós-colonial.
- Belcourt, B. R. (2015). Animal bodies, colonial subjects:(Re) locating animality in decolonial thought. Societies, 5(1), 1-11.
- Montford, K. S., & Taylor, C. (Eds.). (2020). Colonialism and Animality: Anti-colonial Perspectives in Critical Animal Studies. Routledge.
- Deckha, M. (2012). Toward a postcolonial, posthumanist feminist theory: Centralizing race and culture in feminist work on nonhuman animals. Hypatia, 27(3), 527-545.
- [Environmental Justice, Settler Colonialism, and More-than-Humans in the Occupied West Bank] (https://journals.sagepub.com/toc/enea/4/1)(Número especial com vários artigos).
- Quijano, A. (2007). Coloniality and modernity/rationality. Cultural studies, 21(2-3), 168-178.
- Mignolo, W. D. (2007). Delinking: The rhetoric of modernity, the logic of coloniality and the grammar of de-coloniality. Cultural studies, 21(2-3), 449-514.
- Grosfoguel, R. (2007). The epistemic decolonial turn: Beyond political-economy paradigms. Cultural studies, 21(2-3), 211-223.
- Dussel, E. (1993). Eurocentrism and modernity (Introduction to the Frankfurt Lectures). boundary 2, 20(3), 65-76.
- Ballestrin, L. (2013). América Latina e o giro decolonial. Revista brasileira de ciência política, (11), 89-117.
- Mignolo, W. D. (2017). Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 32(94).
- Dussel, E. (2016). Filosofías del sur: descolonización y transmoderindad. Ediciones Akal.
- Dussel, E. (1994). 1492 El encubrimiento del Otro: Hacia el origen del “ mito de la modernidad”. Plural.
- Dussel, E. (1992). 1492 O Encobrimento do Outro. A origem do mito da modernidade. Editora Vozes.
- Mignolo, W. (2011). The darker side of western modernity: Global futures, decolonial options. Duke University Press.
- Santos, B. S., & Paula, M. M. (2010). Epistemologias do sul. Cortez Editora.
- Epistemologies of the South (Coleção de livros).
- Latour, B. (2019). Jamais fomos modernos. Ensaio de antropologia simétrica. editora 34.
Volte ao índice
Uma pequena lista frente à urgência de pensar diferente.
- Churuchumbi, G. (2020). Usos cotidianos del término sumak kawsay en el territorio kayambi. Anaconda Comunicación Sim.
- Churuchumbi, G. (2014). Usos cotidianos del término sumak kawsay en el territorio kayambi. Dissertação de Mestrado, Universidad Andina Simón Bolivar.
- Marañón Pimentel, B. (2014). Buen Vivir y descolonialidad. Crítica al desarrollo y la racionalidad instrumentales. Universidad Nacional Autónoma de México.
- Acosta, A. (2013). El Buen Vivir: Sumak Kawsay, una oportunidad para imaginar otros mundos. Icaria.
- Acosta, A. (2019). O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Editora Elefante.
- Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras.
- Kopenawa, D., & Albert, B. (2019). A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Editora Companhia das Letras.
- de Oliveria, J.C., Amoroso, M, de Lima, A.G.M., Shiratori, K., Marras, S. & Emperaire, L. (2021). Vozes vegetais: diversidade, resistências e histórias da floresta. Ubu Editora.
- Fausto, J. (2020). A cosmopolítica dos animais. N-1 Edições.
- Santos, B. D. S. (2007). Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista crítica de ciências sociais, (78), 3-46.
- Santos, B. D. S. (2007). Beyond abyssal thinking: From global lines to ecologies of knowledges. Review (Fernand Braudel Center), 45-89.
- Haraway, D. J. (2016). Staying with the trouble: Making kin in the Chthulucene. Duke University Press.
- Latour, B. (2012). Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Edufba.
- Latour, B. (2019). Políticas da natureza: como associar as ciências à democracia. Editora unesp.
- Blok, A., Farías, I., & Roberts, C. (2020). The Routledge companion to actor-network theory (p. 458). Routledge.
- Viveiros de Castro, E. (2002). A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 11.
- de Castro, E. B. V. (2012). Cosmological perspectivism in Amazonia and elsewhere. Manchester: HAU Journal of Ethnographic Theory.
- Fausto, J. (2020). A cosmopolítica dos animais. N-1 Edições.
- de Oliveira, J. C., Amoroso, M., de Lima, A. G. M., Shiratori, K., Marras, S., & Emperaire, L. (Eds.). (2021). Vozes vegetais: Diversidade, resistência e histórias da floresta. Ubu Editora.
- Bennett, J. (2010). Vibrant matter: A political ecology of things. Duke University Press.
- Leff, E. Political Ecology: Deconstructing Capital and Territorializing Life. Springer Nature.
Volte ao índice
As iniquidades são um conceito fundamental da determinação social da saúde e portanto são necessárias teorias de justícia multiespécie na SUP.
- Nussbaum, M. C. (2022). Justice for animals: our collective responsability. New York, Simon & Schuster.
- Nussbaum, M. C. (2006). Frontiers of justice: Disability, nationality, species membership. Cambridge, MA: Belknap Press.
- Blattner, C. E., Coulter, K., & Kymlicka, W. (Eds.). (2019). Animal Labour: A New Frontier of Interspecies Justice?. Oxford University Press.
- Celermajer, D., Chatterjee, S., Cochrane, A., Fishel, S., Neimanis, A., O’Brien, A., … & Waldow, A. (2020). Justice through a multispecies lens. Contemporary Political Theory, 1-38.
- Celermajer, D., Schlosberg, D., Rickards, L., Stewart-Harawira, M., Thaler, M., Tschakert, P., … & Winter, C. (2020). Multispecies justice: theories, challenges, and a research agenda for environmental politics. Environmental Politics, 1-22.
- Haraway, D. (2018). Staying with the trouble for multispecies environmental justice. Dialogues in Human Geography, 8(1), 102-105.
Volte ao índice
Algumas periferias para promover a SUP.
Doenças negligenciadas
Embora insuficiente, já existe mobilização para abordar as doenças negligenciadas. Essa mobilização pode ser aproveitada para promover a SUP, lembrando que mais do que doenças negligenciadas, há coletivos multiespécie negligenciados.
- Trouiller, P., Olliaro, P., Torreele, E., Orbinski, J., Laing, R., & Ford, N. (2002). Drug development for neglected diseases: a deficient market and a public-health policy failure. The Lancet, 359(9324), 2188-2194.
- Manderson, L., Aagaard-Hansen, J., Allotey, P., Gyapong, M., & Sommerfeld, J. (2009). Social research on neglected diseases of poverty: continuing and emerging themes. PLoS Negl Trop Dis, 3(2), e332.
Violência doméstica
A relação entre diferentes tipos de vítimas da violência doméstica tem sido amplamente estudada, privilegiando abordagens focadas em fatores individuais e psicopatológicos, e nas violências reprovadas socialmente. Mas qual o efeito das condições estruturais (sociais, culturais, econômicas) que transcendem o indivíduo? Como a violência doméstica retroalimenta essas condições? Que tipos de violência têm ampla aceitação social? Essas são algumas das perguntas que nós fazemos no
contexto da promoção decolonial da SUP.
- Flynn, C. P. (2011). Examining the links between animal abuse and human violence. Crime, law and social change, 55(5), 453-468.
- Ascione, F. R., & Shapiro, K. (2009). People and animals, kindness and cruelty: Research directions and policy implications. Journal of Social Issues, 65(3), 569-587.
- Taylor, N., & Fraser, H. (2019). Companion animals and domestic violence: Rescuing me, rescuing you. Springer.
- Arkow, P. (2019). Breaking the Cycles of Violence: A Guide to Multi-Disciplinary Responses for Domestic Violence, Child Protection, Adult Protection, and Animal Care & Control Agencies (3rd ed.). The Latham Foundation for the Promotion of Humane Education.
- Gullone, E. (2012). Animal cruelty, antisocial behaviour, and aggression: More than a link. Palgrave Macmillan.
- The National Link Coalition
Favelas
Nas favelas há múltiplas periferias e entras mais invisibilizadas estão as constituídas por animais não humanas. Assim, não surpreende que a literatura acadêmica omita ainda mais a existência de coletivos multiespécie nas favelas.
- Butala, N. M., VanRooyen, M. J., & Patel, R. B. (2010). Improved health outcomes in urban slums through infrastructure upgrading. Social science & medicine, 71(5), 935-940.
- Sclar, E. D., Garau, P., & Carolini, G. (2005). The 21st century health challenge of slums and cities. The Lancet, 365(9462), 901-903.
- Ezeh, A., Oyebode, O., Satterthwaite, D., Chen, Y. F., Ndugwa, R., Sartori, J., … & Lilford, R. J. (2017). The history, geography, and sociology of slums and the health problems of people who live in slums. The lancet, 389(10068), 547-558.
- Lilford, R. J., Oyebode, O., Satterthwaite, D., Melendez-Torres, G. J., Chen, Y. F., Mberu, B., … & Ezeh, A. (2017). Improving the health and welfare of people who live in slums. The lancet, 389(10068), 559-570.
- Zulu, E. M., Beguy, D., Ezeh, A. C., Bocquier, P., Madise, N. J., Cleland, J., & Falkingham, J. (2011). Overview of migration, poverty and health dynamics in Nairobi City’s slum settlements. Journal of Urban Health, 88(2), 185-199.
- UN‐Habitat. (2004). The challenge of slums: global report on human settlements 2003. Management of Environmental Quality: An International Journal, 15(3), 337-338.
- revista periferias
Populações em situação de rua
Existe uma mobilização considerável de grupos de proteção de cães e gatos de rua e, por outro lado, de ações filantrópicas para humanos em situação de rua. A mobilização é menor quando se trata de coletivos multiespécie em situação de rua, contudo, tem mais suporte na literatura quando comparada com a mobilização pelos coletivos multiespécie das favelas.
- Irvine, Leslie. “Animals as lifechangers and lifesavers: Pets in the redemption narratives of homeless people.” Journal of Contemporary Ethnography 42.1 (2013): 3-30.
- Rew, L. (2000). Friends and pets as companions: Strategies for coping with loneliness among homeless youth. Journal of child and adolescent psychiatric nursing, 13(3), 125-132.
- Rhoades, H., Winetrobe, H., & Rice, E. (2015). Pet ownership among homeless youth: Associations with mental health, service utilization and housing status. Child Psychiatry & Human Development, 46(2), 237-244.
- Brouqui, P. (2011). Arthropod-borne diseases associated with political and social disorder. Annual review of entomology, 56, 357-374.
- Brouqui, P., & Raoult, D. (2006). Arthropod‐borne diseases in homeless. Annals of the New York Academy of Sciences, 1078(1), 223-235.
- Leibler, J. H., Zakhour, C. M., Gadhoke, P., & Gaeta, J. M. (2016). Zoonotic and vector-borne infections among urban homeless and marginalized people in the United States and Europe, 1990–2014. Vector-Borne and Zoonotic Diseases, 16(7), 435-444.
- Howe, L., & Easterbrook, M. J. (2018). The perceived costs and benefits of pet ownership for homeless people in the UK: practical costs, psychological benefits and vulnerability. Journal of Poverty, 22(6), 486-499.
- Kidd, A. H., & Kidd, R. M. (1994). Benefits and liabilities of pets for the homeless. Psychological reports, 74(3), 715-722.
- Labrecque, J., & Walsh, C. A. (2011). Homeless women’s voices on incorporating companion animals into shelter services. Anthrozoös, 24(1), 79-95.
- Slatter, J., Lloyd, C., & King, R. (2012). Homelessness and companion animals: More than just a pet?. British Journal of Occupational Therapy, 75(8), 377-383.
- Aliment, R., Rankin, S., & Lurie, K. (2016). No pets allowed: Discrimination, homelessness, and pet ownership. Seattle University School of Law, Homeless Rights Advocacy Project.
Experimentação em animais
As revisões sistemáticas oferecem a evidência científica mais robusta sobres os achados das pesquisas de um dado fenômeno. Essa evidência, somada a considerações éticas e interesses do complexo animal-industrial, oferecem uma visão mais abrangente das determinações da saúde dos coletivos multiespécie dessa periferia. As referências desta lista mostram que a experimentação animal não leva invariavelmente a benefícios para a saúde humana e pode inclusive comprometer os avanços
médicos que pretende suportar. É necessário mais rigor científico e embasamento ético para evitar sofrimento desnecessário.
- Sandercock, P., & Roberts, I. (2002). Systematic reviews of animal experiments. The Lancet, 360(9333), 586.
- Pound, P., Ebrahim, S., Sandercock, P., Bracken, M. B., & Roberts, I. (2004). Where is the evidence that animal research benefits humans?. Bmj, 328(7438), 514-517.
- Akhtar, A. (2015). The flaws and human harms of animal experimentation. Cambridge Quarterly of Healthcare Ethics, 24(4), 407-419.
- Roberts, I., Kwan, I., Evans, P., & Haig, S. (2002). Does animal experimentation inform human healthcare? Observations from a systematic review of international animal experiments on fluid resuscitation. Bmj, 324(7335), 474-476.
- Herrmann, K., & Jayne, K. (2019). Animal experimentation: Working towards a paradigm change (p. 752). Brill.
- Knight, A. (2011). The costs and benefits of animal experiments. The Palgrave Macmillan.
- Garrett, J. R. (2012). The Ethics of animal research: exploring the controversy. The MIT Press.
- Haraway, D. (2009). Chapter Six. Becoming-with-companions: Sharing and response in experimental laboratories. In Animal encounters (pp. 115-134). Brill.
- Haraway, D. (2011). A partilha do sofrimento: relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente. Horizontes antropológicos, 17(35), 27-64.
- Pedersen, H. (2019). Schizoanalysis and animal science education. Bloomsbury Publishing.
Externalidades do agronegócio
Para termos soberania e segurança alimentar é necessário desconstruir a ideologia do agronegócio. Precisamos comida saudável e sustentável, no lugar de transnacionais geradoras de pobreza e enfermidade.
- Neo, H., & Emel, J. (2017). Geographies of meat: Politics, economy and culture. Taylor & Francis.
- Wallace, R. (2016). Big farms make big flu: dispatches on influenza, agribusiness, and the nature of science. NYU Press.
- Davis, M (2020). The Monster Enters: COVID-19, Avian Flu and the Plagues of Capitalism. OR Books.
- Singer P. (2009). Animal Liberation: The Definite Classic of Animal Movement. Harper Perennial Modern Classics.
- Robbins, J. A., Franks, B., Weary, D. M., & Von Keyserlingk, M. A. G. (2016). Awareness of ag-gag laws erodes trust in farmers and increases support for animal welfare regulations. Food Policy, 61, 121-125.
- Wallace, R. (2020). Pandemia e agronegócio: doenças infecciosas, capitalismo e ciência. Elefante.
- Pompeia, C. (2021). Formação política do agronegócio. Elefante.
- Pereira, E. J. D. A. L., de Santana Ribeiro, L. C., da Silva Freitas, L. F., & de Barros Pereira, H. B. (2020). Brazilian policy and agribusiness damage the Amazon rainforest. Land Use Policy, 92, 104491.
- Marra, G. C. (2019). Saúde e processo de trabalho em frigoríficos: da necessidade ao adoecimento. Tese de doutorado. Fundação Oswaldo Cruz.
- Fitzgerald, A. J., Kalof, L., & Dietz, T. (2009). Slaughterhouses and increased crime rates: An empirical analysis of the spillover from “The Jungle” into the surrounding community. Organization & Environment, 22(2), 158-184.
- Wallace, R. G., & Wallace, R. (2016). Neoliberal Ebola. Springer International Publishing Switzerland.
- Wallace, R., Chaves, L. F., Bergmann, L. R., Ayres, C., Hogerwerf, L., Kock, R., & Wallace, R. G. (2018). Clear-cutting disease control: capital-led deforestation, public health austerity, and vector-borne infection. Springer.
- Farming pathogens
Volte ao índice
Imagem panorâmica des nosses amiges de Juegos translúcidos